Confira a programação de maio do Cineclube CDCC

Com sessões gratuitas aos sábados, às 20 horas, o Cineclube do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP, em São Carlos, promoverá a seguinte programação no mês de maio de 2019:

4 – MEU AMIGO HARVEY
Harvey, EUA, 1950, Comédia, 106 minutos
Direção: Henry Koster

Elenco: James Stewart, Wallace Ford, William H. Lynn.

Imagine um homem de meia idade que insiste em apresentar a todos seu “grande e melhor amigo Harvey”. As pessoas esperam ansiosamente para conhecê-lo, mas então percebem que Harvey, segundo o rapaz, é na verdade um coelho branco de dois metros de altura com uma voz grave. A primeira impressão de alguém minimamente consciente é pensar que este homem, o gentil Elwood, está completamente maluco e que precisa de tratamento psiquiátrico, mas logo as pessoas percebem que o simpático “lunático” talvez não esteja tão biruta assim.
Elwood é uma pessoa bondosa e carismática que consegue se dar bem com qualquer pessoa que converse, com exceção de sua irmã mais velha, Veta Simmons, que pertence à alta sociedade e sempre busca a aceitação dos outros ao seu redor. Cansada de passar por transtornos causados pelo excêntrico comportamento de seu irmão, Veta decide internar Elwood em um sanatório mas, depois de uma grande confusão, ela é quem acaba sendo internada por engano. Agora, taxada como louca enquanto seu irmão anda por aí conversando com seu coelho imaginário, Veta tenta convencer as pessoas de que ela diz a verdade, mas as trapalhadas causadas por Elwood lhe causarão desventuras que a deixará de cabelo em pé.
Este longa, aos olhos de alguém ingênuo, pode parecer apenas um divertido filme de comédia, mas na verdade esconde uma filosofia muito mais profunda. Elwood, por mais atrapalhado que pareça ser, de alguma forma sempre acaba impactando positivamente as pessoas à sua volta com as conversas entre ele e seu suposto amigo imaginário. Com um enredo simples, Meu Amigo Harvey consegue divertir quem o assiste e ao mesmo tempo despertar nas pessoas a dúvida se Harvey realmente é fruto da imaginação de Elwood, se o coelho representa alguma característica essencial para as relações humanas ou até mesmo que seja real.
Douglas Gomes Lima dos Santos

LIVRE PARA TODOS OS PÚBLICOS

Tema: Relações humanas

11 – O TESOURO DE SIERRA MADRE
The Treasure of the Sierra Madre, EUA, 1948, Aventura, 126 minutos
Direção: John Huston

Elenco: Humphrey Bogart, Walter Huston, Tim Holt.

O que você faria por dinheiro? Essa é a principal ideia deste longa que conta a história de Dobbs, um americano que passa por dificuldades financeiras durante a década de 20, em Tampico, uma pacata cidade do México. Desamparado, Dobbs vive de esmolas quase como um mendigo e não consegue ver uma melhora para sua miserável vida até que ele conhece Curtin, outro pedinte americano que vive na mesma cidade.
Logo, os dois são contratados para um árduo trabalho, mas que, no final, seriam recompensados com alguns trocados. Após algumas desavenças com seu chefe, Dobbs e Curtin finalmente recebem seu suado dinheiro mas, antes mesmo que pudessem gastá-lo, eles conhecem Howard, um simpático senhor que se encontra tão pobre quanto a dupla de amigos.
Howard, um velho falastrão, conta suas aventuras pelas quais passou durante a vida quando garimpava ouro, dizendo que já ficou rico e empobreceu diversas vezes por conta de sua ganância. Querendo arriscar a sorte uma última vez na vida, ele convence os dois mendigos, que não tinham muito a perder, a arriscarem seu pouco dinheiro para comprarem equipamentos e partirem para as montanhas mexicanas a procura de ouro.
Tendo a sorte ao seu lado, o trio de mineradores conseguem encontrar o tão sonhado ouro e permanecem no local garimpando durante alguns meses. Porém, enquanto sua riqueza crescia, a desconfiança entre os três também aumentava à medida que o ouro era descoberto, gerando diversos conflitos entre eles, fato que alimentava as paranoias de Dobss e seus dois companheiros.
Dirigido por John Huston e vencedor de prêmios como Oscar e Globo de Ouro, O Tesouro de Sierra Madre conta com brilhantes atuações que mostram a desconstrução da personalidade humana, exprimindo toda ambição que uma pessoa pode ter ao se cegar com a ganância e desconfiança quando tenta enriquecer.
Douglas Gomes Lima dos Santos

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14

Tema: Busca por tesouro
Contém: Ganância por dinheiro e conflitos

18 – O SEGREDO DE VERA DRAKE
Vera Drake, EUA, 2004, Drama, 124 minutos
Direção: Mike Leigh

Elenco: Phil Davies, Imelda Stauton, Peter Wight, Alain Sarde, Heather Craney

Uma amável senhora casada e com dois filhos vive aparentemente feliz numa Inglaterra da década de 50. Ela cuida de sua mãe e seu vizinho doente e ainda trabalha como diarista para ajudar com as despesas da família. Apesar das dificuldades, Vera Drake se mostra uma pessoa muito doce e gentil, sempre com um sorriso radiante que mostra sua gratidão pela vida que leva. Quem a conhece nunca imaginaria que, por trás dessa pessoa bondosa, existe um segredo que deixaria qualquer um impactado.
Distante dessa realidade cotidiana que estamos acostumados a observar nas famílias tradicionais, Vera age clandestinamente realizando abortos em mulheres jovens que, por algum motivo, desejam não ter seus filhos. Por mais que ela execute esses abortos de forma totalmente arcaica, Vera se preocupa apenas em ajudar suas “pacientes”, nunca cobrando nada pelo procedimento.
Ela consegue esconder esse segredo da sociedade e de sua família durante anos, até que uma de suas pacientes adoece após a realização do procedimento e a culpa, levando o caso para a justiça. Logo, as autoridades vão atrás da bondosa senhora e esta vê sua vida desmoronando diante dos seus olhos. Agora, presa e vista como criminosa por todos, Vera e sua família lutam para conseguir sua liberdade ou ao menos uma diminuição de sua sentença
Dirigido por Mike Leigh e indicado a três Oscar, o longa, ao nos apresentar Vera e seu segredo, coloca o espectador como cúmplice desse crime até o momento em que os atos clandestinos são desvendados. Da mesma forma, também é despertado um sentimento de empatia pela personagem e sua família quando observamos o drama que eles vivem após a revelação desse crime e seu julgamento.
Douglas Gomes Lima dos Santos

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS

Tema: Crime
Contém: Violência

25 – O JARDINEIRO FIEL
The Constant Gardener, EUA, 2005, Drama, 105 minutos
Direção: Fernando Meirelles

Elenco: Ralph Fiennes, Rachel Weisz, Danny Huston

Justin é um respeitável diplomata britânico que trabalha como jardineiro em suas horas vagas. Durante um congresso, ele debate com a ativista e jornalista Tessa que o contesta sobre relações internacionais entre os EUA e a Inglaterra. Após a discussão, os dois decidem sair para se conhecerem melhor e acabam se apaixonando.
O que parece uma história de amor, após anos acaba virando uma terrível tragédia: Tessa, envolvida com causas humanitárias, acaba sendo assassinada junto de seu amigo depois de começar uma investigação acerca do envolvimento de uma empresa farmacêutica no continente africano. A ativista descobre que a empresa Tree Bees realiza testes de um novo medicamento na população queniana sem o consentimento das pessoas. Logo, essa investigação acaba na criação de um relatório que iria expor e denunciar as ações criminosas realizadas pela empresa, porém ela acaba sendo assassinada antes que pudesse terminar o seu trabalho.
Justin, assolado pela morte de sua esposa, busca compreender o motivo para o assassinato e começa uma jornada que o leva para as mesmas conclusões de sua falecida companheira, antes julgada por ele como paranoica. Agora, ciente dos fatos, ele tenta a todo custo tornar pública a denúncia antes iniciada por sua esposa sobre os crimes cometidos pela multinacional.
Não longe da nossa realidade, o diretor brasileiro Fernando Meirelles expõe o funcionamento de indústrias farmacêuticas que, muitas vezes, acabam tendo atitudes semelhantes, as quais observamos durante o longa, cometidas pela empresa criminosa ao testar seu medicamento na população queniana. O filme desperta a análise sobre aspectos consequentes do capitalismo selvagem, que, em função do lucro, defende a filosofia de que “os fins justificam os meios”, gerando assim consequências tanto para a humanidade quanto para o nosso planeta, tangendo conflitos éticos e morais.
Douglas Gomes Lima dos Santos

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS

Tema: Teste de fármacos em humanos
Contém: Violência e nudez