Cineclube CDCC – Novembro

Clyde Winant é um brilhante inventor que decidiu fazer uma viagem. Após checar seu cofre, descobre que sua atual namorada roubou cinquenta mil dólares com ajuda de outro homem e desapareceu. Preocupada com o sumiço do pai, Dorothy Winant, filha de seu antigo casamento, pede socorro a um ex detetive e velho amigo de Clyde, Nick Charles, que inicialmente recusa sua oferta. Nora, esposa de Nick, compadecida pela situação da moça e curiosa para ver o marido em ação, o convence a aceitar o caso. Depois de coletar informações suficientes para criar hipóteses, o casal resolve convidar o contador do Sr. Winant; o advogado; a atual mulher e seu amante; a ex, seu marido e seu filho; Dorothy e o noivo e o oficial de polícia John Guild para um excêntrico jantar a fim de finalmente desvendar os segredos do enigma.

Neste primeiro volume da série de Van Dyke, não há nenhum espaço para momentos maçantes: a comédia é fluida, divertida e ressignifica o conceito de entretenimento. Ora tenso, ora leve, A Ceia dos Acusados se constrói como uma das mais referenciadas comédias policiais de todos os tempos depois de Arthur Conan Doyle na Literatura, sendo nomeado a quatro Oscars (Melhor Fotografia, Melhor Ator, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado), vencendo o NBR Award de 1934, o National Film Registry em 1997, OFTA Film Hall of Fame em 2017 e eternizado como uma obra prima.
(Iago Ribeiro Lisboa)

O jornalista Winkel é incumbido pelo Partido Comunista da Polônia de documentar as mobilizações dos trabalhadores portuários nos estaleiros na cidade de Gdansk. Ao receber a informação de que Maciek Tomczyk, filho de um grevista morto pela polícia, encabeça o movimento, coloca-o no centro de sua investigação e passa a entrevistar pessoas próximas ao ativista. A partir daí, Winkel, que escreveu na década 1970 sobre Jerzy Burski, pai de Maciek, interage com uma perspectiva completamente nova acerca da organização do Estado Polonês e passa a questionar sua autoridade.

A história possui personagens fictícios, mas é ambientada na Polônia no turbulento período da década de 1980. Algumas cenas são de arquivos reais sobre discursos políticos, espaços públicos e repressão da polícia nos eventos, o que só contribui para a construção da verossimilhança dessa obra a qual retrata uma nação censurada pelo poder público. Além de ser um espetáculo visual com a interpretação sutil acerca do figurino, sempre retratando os personagens de acordo com o ambiente; esquematizando os flashbacks sem tornar a trama confusa; realçando o jogo de luz e sombra; dirigindo o movimento da câmera por trás do ombro e outras posições estratégicas, Wajda consegue sintetizar o contexto de seu país com maestria ao representá-lo com realismo, fazendo jus à Palma de Ouro (1981), ao Prêmio do Juri Ecumênico do Festival de Cannes (1981) e à indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (1982, 54º edição).
(Iago Ribeiro Lisboa)

O professor Immanuel Rath, apelidado de forma maldosa por seus alunos de Professor Unrat (Professor Lixo), dá aulas de inglês para jovens rapazes em um colégio interno. Rath é extremamente severo e ríspido com os estudantes, que, apesar disso, são rebeldes e bagunceiros. Em uma de suas aulas, o professor descobre que alguns alunos costumam frequentar, à noite, o cabaré Anjo Azul, onde assistem o espetáculo da provocante Lola-Lola. Immanuel vai até o local para repreender os estudantes, mas acaba sendo seduzido pela cantora, em quem encontra uma paixão, que, aos poucos, o levará à ruína.

Situado nos remotos anos entre a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, o longa nos mostra como, naquela terra esquecida por Deus que se tornou a antes tão poderosa Alemanha, se deu lugar um dos mais antigos embates da humanidade: a da moralidade contra a luxúria, dos bons costumes contra a boemia, da vida regrada contra o charme da vida noturna. É nesse dualismo que se baseia todo o filme, e que o protagonista é levado a enfrentar internamente.

Lançado em 1930, na antiga República de Weimar, O Anjo Azul marca a transição do expressionismo para o realismo no cinema alemão, sendo um dos primeiros a dar destaque a um recurso recém-surgido: a gravação simultânea de imagem e som. O diretor von Sternberg, aproveitando-se disso, deu a história do Professor Unrat, que tirou de um livro de Heinrich Mann, um caráter mais musical. Para isso, contratou para o papel de Lola-Lola a até então anônima Marlene Dietrich. Apesar de ser o protagonista, o professor, genialmente interpretado por Emmil Jannings, deixou de ser a estrela do filme, ofuscado pelo talento e pelos olhares sedutores de Marlene Dietrich, que, a partir de então, se tornaria uma sensação no mundo todo.
(Felipe Augusto Hencklain)